Dependência
fenómeno das dependências
Muito se tem pensado, escrito e dito sobre o fenómeno do consumo de substâncias psicoativas em geral, e, mais genericamente, sobre o “fenómeno das dependências.” Raro é o dia, em que nos media não temos notícias sobre este fenómeno.
No meio social em que vivemos, conhecemos sempre alguém que, de algum modo, convive com ele.
Não é característica de nenhuma classe social, surge em todos os níveis socioeconómicos. É mais frequente na juventude, embora todos tenhamos a perceção de que se estende a outras faixas etárias.
Criaram-se inúmeras instituições aptas a trabalhar nesta problemática; é crescente o número de técnicos que se dedicam a lidar com esta patologia; os investimentos públicos em novos serviços têm vindo a aumentar. Apesar de todo este esforço, existe o sentimento de que o fenómeno não para de crescer.
Longe vai o tempo em que os técnicos procuravam causas bem definidas para o comportamento toxicómano:
– A sua história pessoal; a vida familiar ou a ausência dela; o papel dos grupos; os bairros onde a droga é endémica.
Hoje somos mais humildes ao reconhecer que “no melhor pano cai a nódoa”. Encontramos quem, onde tudo aparentemente corre bem, e, como que por “magia,” é dependente. Quais as razões de alguns milhares iniciarem uma viagem destrutiva, da qual não há regresso sem um sofrimento indescritível para eles próprios e para os que lhe são próximos?
A abordagem do fenómeno da dependência obriga assim a transpor o reducionismo do consumidor de drogas, alargando o âmbito do enfoque da patologia a uma realidade social que abrange:
– A comunidade envolvente; as famílias; relação com outras vulnerabilidades a tomar em consideração; bem como a criminalidade e delinquências associadas; dependentes com e sem substância.
Trabalhar no fenómeno da dependência exige assim um trabalho de uma “equipa Multi, Pluri, Inter, Trans… disciplinar.”
A dependência química, qualquer que ela seja, é uma doença crónica, progressiva e fatal. Não importa considerar a substância de que se é dependente, mas sim a relação que se estabelece com ela.
A dependência é a única doença em que a negação é sintoma da doença.
Não importa considerar, quais as razões do dependente para que iniciasse uma viagem destrutiva, só e dolorosa. Importa que o dependente, reconheça que tem um problema e que pode sair dele.
Num primeiro momento queremos, criar no utente vontade de mudar, em seguida dizer-lhe o que mudar, e mais importante ainda como mudar,
Entender que tem escolha -ser livre.
O alcoolismo é uma doença. Causa da maior taxa de mortalidade. Não afeta exclusivamente os alcoólicos.
Outras pessoas são atingidas pelos seus efeitos, os que coabitam, aqueles que colaboram com alcoólicos e mesmo aqueles que com eles se cruzam nas estradas. Mesmo que seja, ou não alcoólico, o alcoolismo poderá afetar a sua vida.
Temos vindo a aprender cada vez mais sobre como identificar o alcoolismo ou detê-lo, contudo pouco sabemos como evitá-lo.
Ninguém sabe exatamente porque é que alguns bebedores se tornam alcoólicos.
Se não parar de beber, o alcoólico agrava a sua doença física e emocional, pois não consegue controlar o álcool.
“Primeiro o homem toma uma bebida, então a bebida toma uma bebida, então a bebida toma o homem” _Vaillant.
A Desintoxicação tão pouco é eficaz.
“Achei deixar de beber tão fácil, que deixei 20 vezes.”
Manter a abstinência exige um processo de mudança, capaz de tratar o alcoólico ao nível bio-psíquico-social.
Nem todos os alcoólicos têm os mesmos sintomas, mas muitos apresentam:
-Ânsia por ocasiões onde se bebe;
-Vontade de beber mais um copo no final de uma festa;
-Ter alucinações ou convulsões;
-Tremer fortemente;
-Beber às escondidas;
-Beber só;
-Não se conseguem lembrar do dia anterior;
-Beber logo de manhã;
-Sentir culpa e medo;
-Comer mal e ficar subalimentado.
Intervimos no alcoolismo de forma a interromper o seu processo ativo, devolvendo o alcoólico como membro produtivo e integrado na sociedade, capaz de reconhecer limites e potenciar competências.
Através de intervenção terapêutica cognitivo-comportamental, fomentamos a mudança, munimo-nos da intervenção clínica, necessária ao diagnostico e despiste de co morbilidades associadas, e sempre que seja necessário,procede.se ao inicio de terapêutica e meios complementares de diagnostico para controlo da condição clínica, tao importante para a consolidação da recuperação.
A automedicação é um fenómeno cada vez mais frequente, descrito como o ato pelo qual o indivíduo (por sua iniciativa ou influência de outros) pretende aliviar ou tratar queixas autovalorizadas.
Assim, esta problemática responsabiliza a própria pessoa pela sua saúde, reportando esta ideia ao facto de não ter o conhecimento necessário para distinguir distúrbios e/ou avaliar a gravidade da sua doença.
A grande maioria não discerne os riscos a que está sujeito – prolongando muitas vezes o tratamento, sem retornar ao médico para reavaliação clínica ou automedicando-se sem intervenção clínica, dada a facilidade cada vez mais presente no acesso à medicação.
Nesta perspetiva é importante interromper o processo e auxiliar o utente a consciencializar-se das suas limitações e dificuldades (através de um processo de autoconhecimento e descoberta), reconhecendo que tem uma doença (adição) e que não necessita de recorrer a fármacos não prescritos para resolução dos seus conflitos internos, uma vez que possui os recursos necessários para o fazer.
De salientar que o comportamento destrutivo destes indivíduos induz clinicamente a um desconforto e prejuízo significativo, nas áreas de funcionamento pessoal, social e ocupacional, limitando-o muitas vezes à realização de tarefas básicas da vida diária, ou nem isso.
hoje é o dia de dar o primeiro passo
Outros Tratamentos
Dependência Comportamental
A dependência comportamental á semelhança da dependência de substâncias é cada vez mais encarada como um distúrbio passível de ser tratado.
Duplo Diagnóstico
“Metade dos casos em dependência química também tem diagnóstico psiquiátrico. É muito comum que pacientes psiquiátricos sejam também dependentes de drogas a abordagem de ambos os diagnósticos é fundamental para a melhora do paciente”